Morando na Flórida: passando pelo Furacão Irma

Então... o Furacão Irma passou aqui na Flórida e agora posso contar o que eu passei no antes e depois dele. Bom... eu confesso que só descobri que o Irma passaria quando minha filha falou que a amiguinha da escola já tinha feito todo o kit de sobrevivência. Aí pensei.. eita, que pai exagerado. Foi então que fui correr atrás de notícias. É fato que aqui tudo é mostrado exageradamente na TV. Weather Channel então é algo surreal. Como eu estava em Orlando quando o Furacão Matthew passou em 2016 e só rolou um ventinho e chuva, eu achei que seria a mesma coisa: muita notícia, muito alarde e na realidade só uma chuva mais forte com ventos.

Eis que eu começo a ler o impacto do Irma nas ilhas do Caribe. Fiquei acompanhando o Instagram da Lorrayne Mavromatis, que morava na ilha de St. Maarten e até os preparativos, ok, embora ele estivesse chegando lá com categoria 5. Ela parecia tranquila. Até que ela sumiu.. o que até aí é ok também, pois é normal acabar luz depois de um furacão e com essa intensidade. Mas quando surgiram notícias que a ilha estava devastada comecei a ficar apavorada. Ainda mais porque o Irma mudou de direção, com previsão de passar pelo Centro da Flórida. O medo aumentou também quando o governador da Flórida, Richard Scott (de quem virei fã), ordenou evacuação nas 2 costas sul da Flórida, a leste, onde fica Miami, Fort Lauderdale, e a oeste, onde fica Naples. Sem contar na evacuação das Keys (onde fica Key West). O cenário era assustador, embora eu soubesse que existe um exagero nas informações passadas aqui, uma coisa não existia dúvida, quanto ao tamanho do furacão Irma e sua potência. E óbvio que comprar comida e água estava complicado, acabava tudo muito rápido. Cheguei a comprar enlatados (embora meninas não comessem nada do que comprei), muitos biscoitos, e fiz muita comida, como frango assado, que até rola de comer frio. Eu acho que fui ao mercado umas 7 vezes, não apenas porque não achava coisas, mas pela ansiedade de achar que não tinha comprado o suficiente pra sobreviver ao furacão.
E a sensação é essa, a gente sabe que vai ficar bem, que não morreremos, ao menos aqui em Orlando, justamente pela localização central, pelo fato de furacão perder força quando bate no solo, mas sabe que pode ficar no perrengue por muitos dias. E o medo de ficar sem comida e pior, sem água? Com duas crianças?

Até então eu e o pai das meninas monitoramos o furacão de longe, achando que seria ok ficar em Orlando. A previsão era de que ele chegasse em Orlando na noite de sábado pra domingo. Mas Camila chegou da escola na quarta-feira apavorada, falando que todos os amiguinhos iriam embora de Orlando, e como é a atriz dramática da família, ela dizia que iríamos todos morrer. Olha, eu só imaginava a tensão de 3, 4 horas do furacão passando por aqui e a criança chorando dizendo que ia morrer. Conversei com o pai e decidimos sair da cidade. Fizemos isso em um comboio de 3 carros (tinha o carro do cliente dele também), e seguimos pro Norte da Flórida sem nada reservado, na cara e na coragem. Fiz um trajeto doido pra fugir do engarrafamento da I75, estrada que liga o sul ao norte da Flórida (na verdade vai até o Tennessee), afinal era o pessoal das 2 costas da Flórida, além das keys , além o povo apavorado como eu que não precisava evacuar mas evacuou, tudo pegando a mesma estrada. Começamos a viagem na madrugada de 5a para 6a, e tentamos em vão, procurar um lugar pra dormir no caminho, e é óbvio que não tinha nenhum hotel. Dava pra ter noção da loucura pelo trânsito e pelo estado das Rest Areas (áreas onde tem lugar pra comer, banheiros, e onde pode parar o carro/caminhão pra dormir pois eles garantem segurança noturna). Elas estavam lotadas, com carros parados além delas por cerca de quase 2 milhas, uma loucura. Eu, na tensão, não sentia mais sono, só queria sair do tal cone do furacão o mais rápido possível, mas o pai delas queria descansar, e achou um posto de gasolina fechado, perto da estrada em Lake City, bem ao norte da Flórida, onde muita gente fez isso também, parou o carro e dormiu. Ele dormiu e como meninas já tinham dormido a maior parte da viagem, cerca 6 horas, elas estavam acesas. Ficamos ali uma hora e meia conversando. O perrengue era tão grande que confesso que fiz xixi do lado do carro, na graminha, com meninas me escondendo com a porta do carro. Isso porque o posto estava fechado e não tinha banheiro perto, aliás, não tinha nada perto. Quando o pai acordou, sentamos de novo procurando hotel. Nada em Atlanta, nada no Tennessee, nada no Alabama perto da Flórida. Até que eu dei a ideia de continuarmos na Flórida mas ir em direção à Luisiana, e enfim achamos um hotel em Destin (vou escrever tudo sobre o destino nos próximos posts), noroeste da Flórida e que não estava no cone do Furacão. Dali pro destino foram mais 8 horas de viagem, afinal não fomos os únicos que tivemos essa ideia.
Nas estradas muitos motorhomes, muitos carros com bagagens em cima, muitos caminhões de mudança alugados, mostrando que as pessoas do sul da Flórida estavam com medo de perder tudo. Muitos cães nas paradas ,o que achei ótimo pois mostra que muitos não abandonaram. Aliás, o pai das meninas estava com a filha canina dele, a Lady.
Chegamos em Destin por volta das 16h da sexta-feira, bem cansados, inclusive pela tensão. Nem fiz nada, comi e dormi. Ficamos lá até a segunda-feira pós furacão, por lá só teve uma tempestade tropical bem fraca, daquelas que temos muito no Brasil.

Na terça de manhã voltamos e eu confesso que embora todos os vizinhos tenham falado que "foi tranquilo" o negócio não foi bem assim... Muitas árvores caídas na estrada , sem contar que pegamos mais trânsito na I75. Foram mais 12 horas de viagem e o pior, não tinha gasolina no caminho, sorte que enchi na saída e deu pra chegar na Turnpike, mas foi tenso. A cidade onde moro, Windermere, que fica ao norte do Walt Disney World, bem em cima do Magic Kingdom, sofreu com os ventos e tinha muitos galhos, muitas árvores caídas, uma bem em frente a onde eu moro. Mas como é uma cidade nova, onde a rede elétrica é praticamente toda por baixo da terra, não teve queda de energia longa, mas isso aconteceu em vários lugares da região de Orlando, uma amiga, a Silvinha, ficou uma semana sem luz, em pleno verão! O Consultório da minha homeopata também ficou sem luz por esse período e ela teve que cancelar as consultas por uma semana, e é ali perto da região turística. Os parques, que fecharam mais cedo no sábado e também no domingo, quando o furacão passou, tiveram também impacto, com queda de árvores e algumas coisas danificadas. Mas reabriram na segunda. Aliás foi a 6a vez na história que a Disney fechou os parques, ela também fechou na passagem do furacão Matthew em 2016.



A escola das meninas suspendeu as aulas naquela semana. E reabriu na segunda-feira seguinte com um esquema especial de comida, que ficou gratuita por um mês. Isso que achei fantástico e coisa do primeiro mundo, porque o governo fez um esquema pós furacão bem bacana. Óbvio que todo mundo gasta mais quando um furacão chega. Compramos coisas que não compraríamos como baterias, enchemos tanque de carro, viajamos quando precisamos evacuar e isso é mais custo, compramos comidas enlatadas que não comeríamos normalmente, lanternas, geradores, o kit é enorme, e o governo sabe disso. E aí por outro lado alivia. Os pedágios foram suspensos por 15 dias, antes, durante e depois do furacão. Não apenas para agilizar a passagem, mas para não doer no bolso de quem precisou evacuar. As escolas não cobraram comida por um mês. E teve até um benefício dado aos moradores da Flórida, em dinheiro, cerca de $1600 e ainda um cartão alimentação de mais $1000. Confesso que perdi essa oportunidade pois descobri tarde demais, mas muita gente conhecida pegou esse benefício, bastava apresentar o comprovante de residência e o Social Securtity (o CPF daqui). É ou não é fantástica essa preocupação em ajudar a população?
Enfim... não me arrependo de ter saído de Orlando durante o furacão embora isso tenha gerado um gasto a mais. Camila não ia ficar bem e isso que importa, pois ela ficaria muito angustiada se não fôssemos. Foi um stress a viagem, sem dúvida, mas no fim deu tudo certo e ainda conhecemos Destin, um cantinho bem bacana da Flórida.
Por que eu resolvi voltar para o Brasil?

Tenho escutado essa pergunta umas 10 vezes todos os dias: Por que você resolveu voltar para o Brasil? Claro que escuto de diversas maneiras como "todo mundo querendo ir e você voltando" e por aí vai. Sou chamada de maluca por 9 entre 10 pessoas que conversam comigo sobre o tema.. até porque não é só voltar ao Brasil... é voltar para o Rio de Janeiro, a cidade que está todos os dias no Jornal Nacional com notícias sobre violência. Inclusive tem quem me mande assistir aos jornais, que abra os olhos e etc. Até o cardiologista me recomendou que eu desistisse. Mas não vou mudar de ideia, e nunca quis tanto algo como isso. E confesso.. estou muito feliz!
Eu poderia fazer um texto rebatendo àquele texto do americano que odiou morar no Brasil e fez uma lista onde fala mal desde a comida, passando pelo mercado que não tem congelados, até ao fato de sermos família. Ele tem até uns pontos verdadeiros, mas errou na mão na maioria. Mas depois me contaram que ele fez o texto porque tinha sido traído pela tal esposa brasileira... e definitivamente eu não vou rebater um texto passional... :)
Mas vamos ao que interessa.. os porquês de voltar ao Brasil. Nem diria "porquês" e sim motivos que somados me fizeram tomar a decisão. Como o povo gosta de lista, vou contar nesse esquema, embora não esteja na ordem de importância na decisão. Cada motivo tem seu peso, uns pesam toneladas, outros são a tal gota d'água. Só quero que entendam que é uma lista PESSOAL, com motivos pessoais... o que me incomodou não vai necessariamente incomodar outras pessoas, e vice versa.
- Eu sou família total e senti muita saudade do convívio com mãe, pai, irmã, sobrinhas, tia, primos e etc. Senti saudade até das manias e chatices da minha mãe (espero que ela não leia rs) . E o fato de ter perdido minha avó e meu primo enquanto morava nos Estados Unidos fez tudo se agravar, pois vivi com um medo constante de estar longe e ter outra perda. Porque o sofrimento é grande tanto perto como longe, mas estando longe a dor é solitária;
- Eu nem sabia, mas eu adoro gente. E nós brasileiros somos diferentes na forma de nos relacionarmos, a gente conversa na fila do mercado, vibra junto com quem não conhece no estádio de futebol, a gente bate papo com vizinho, motorista de taxi, recepcionista do consultório... e eu morri de saudade disso tudo. E não adianta falar que dá pra conversar pelo skype, Facetime , Whatsapp... o legal daqui do Brasil é que a gente passa o dia todo conversando, conhecendo pessoas que não iremos ver nunca mais, e nem se dá conta. E isso fez muita falta, porque o povo lá não é disso, eles são, eu diria, até frios;
- Fazer amizade com americano também não é fácil. E isso vale também para as crianças. Até fazem amizade, mas é algo mais distante. Isso é fácil de notar quando comparo as amigas do Brasil e as dos EUA, as crianças brasileiras são mais calorosas, amorosas, fazem mais questão da companhia das amiguinhas. Até a vida social das meninas no Brasil é bem mais agitada do que nos EUA.. são festas de aniversário, convite pra brincar, sair, cinema.. enfim, existe uma convivência muito maior;
- Fiquei um ano em Miami e depois fui pra Orlando. Sem dúvida a tal "qualidade de vida" é "melhor" em Orlando. Não tem trânsito como em Miami ou Rio, é sem dúvida uma cidade mais segura que as outras duas justamente por ser pacata, diria até que é uma cidade do interior (até porque tem fazendas, animais e etc), que vive em função dos parques. E eu diria que pra quem viveu 40 anos numa cidade grande como eu, que morei a vida toda no Rio, é uma mudança radical e não me habituei. É legal no começo, pela novidade, mas tem hora que a vida fica parada demais, pacata demais, e não tem nem onde procurar um agito. Veja bem, não sou de sair de noite, night e etc.. mas é ter opções diferentes, shows, teatros, e isso Orlando não tem. E por isso as aspas na "melhor" qualidade de vida... porque na minha opinião qualidade de vida boa é ter uma mistura entre sossego, família e vida social, tudo na medida certa.
- E, sem querer rebater o tal americano mas rebatendo, a comida americana é bem monótona e para eles tempero é pimenta. Legume e verdura na rua é basicamente brócolis e batata. Tanto que nos últimos meses eu basicamente só comi em casa. Sem contar que na rua é difícil achar algo saudável e gostoso, esses dois adjetivos não harmonizam na culinária americana.
- Se tem algo que reclamei em todo o tempo que morei nos EUA foi das escolas. Já contei a saga da escola pública nesse link aqui. Mas até na escola particular o ensino é fraco, e vi isso comparando com o material das amiguinhas do Brasil. Inclusive o maior "medo" da volta era justamente a mudança da escola, ensino e obviamente a diferença do nível das aulas e cobrança. Acho que o ensino só vai melhorando no High School e fica realmente bom apenas nas universidades;
- Eu fiquei devendo (e vou tentar me inspirar pra terminar o post) escrever sobre saúde nos EUA e vou linkar aqui depois. Acho que todos sabem que não tem saúde pública. Passou mal tem que pagar e eu não só passei mal como tive uma crise de ansiedade e parei no hospital de ambulância. Pra começar não me socorreram em uma clínica porque eu estava sem carteira (a crise foi na rua enquanto eu estava correndo só com o iphone) e não podia passar o cartão de crédito para ser atendida. Parei no hospital e lá tudo funcionou, até porque a conta vem depois. Mas depois desse dia fui a vários médicos, e não consegui gostar de nenhum. Eles muitas vezes sequer te tocam pra examinar. Tenho certeza, mas não tenho como provar, que fui enrolada por um dos médicos que me passou mil exames na clínica dele, onde eu gastei um bom dinheiro. Sem contar que você nem pode cogitar ter o telefone do médico. O contato é sempre via secretária. Você pode ter um médico da família, como se chama lá, e se passar mal não vai ter acesso a ele, coisa que no Brasil é super comum. Enfim, tudo é pago, mesmo que você tenha o seguro saúde, e eu resumiria que a saúde lá não é nada humana e altamente capitalista. Para amenizar o drama, eu achei uma homeopata acupunturista, brasileira claro, que gostei muito, porém particular e nada barata;
- Orlando, assim como muitas cidades nos EUA, não tem transporte público decente, tudo é longe, muito longe. Pra levar uma filha para a aula de canto eram 40 km para ir e mais 40km pra voltar. Para a escola 60km ida e volta. Resumindo? Com um ano e 3 meses o carro tinha 60 mil km rodados. Chega uma hora que não se tem mais paciência para dirigir.. ok, sem trânsito, estradas boas, mas é muito tempo sentada em um carro;
- A diferença enorme que é você estar em um lugar onde você é um imigrante ou estar em um lugar onde você nasceu. Parece bobeira, mas faz muita diferença. Por mais que você se adapte ao país, por mais que tenha domínio do idioma, você não vai deixar nunca de ser um imigrante, está la o (X) em Hispanas. Lá no tal post da escola eu falei do bullying (vale ressaltar que isso é prática comum nos EUA, diria que é cultural) que meninas sofreram em Miami, e esse preconceito não irá se restringir à escola enquanto estiver morando em outro país, no caso os EUA. Muitas vezes é um preconceito velado, mas vai ter que aprender a conviver com isso, e na minha opinião, com a entrada do Trump isso só tende a piorar. E sinceramente, eu jamais vou me adaptar à preconceitos, sejam eles quais forem;
- Eu senti uma falta do mar que vocês não têm ideia. Sou carioca, sempre morei perto do mar, o que não quer dizer que eu ia à praia toda hora. Mas ele estava ali, podia ver. E não adianta argumentar que Cocoa Beach é a uma hora de Orlando... até porque eu não tenho coragem de levar meninas lá depois que um menino da idade delas foi atacado por um tubarão uma semana depois que nós fomos e no mesmo lugar da praia, detalhe, no raso. Na costa do golfo tem umas praias bonitas, como Clearwater e Siesta Beach, mas ficam a mais de 1:30h de distância. Aliás, não só o mar fazia falta, sentia falta de montanhas, a Flórida é altamente monótona visualmente, basta pegar qualquer estrada lá para saber disso.
- Eu não tenho estrutura psicológica pra aturar os "lockdown" (fechamento da escola e entrada da polícia por conta de perigo) das escolas daqui. Dei sorte porque meninas nunca passaram por isso, mas a High School daqui teve 2 vezes em 2 meses, sendo que ela tem apenas 4 meses de vida! Se elas fossem adolescentes, estariam nessa escola! O pior é que passa pelos jornais, ao vivo, a escola fechada, a Swat entrando com armas na mão, sério, isso não é, definitivamente, o sinônimo de "qualidade de vida" de uma mãe. Porque na minha cabeça, escola é o único lugar que deixamos os filhos com a certeza de estarem seguros, mas aqui isso não é verdade. Ok, nos 2 casos era ameaça, boato, mas todo mundo sabe que existem malucos atirando em escolas nos EUA de tempos em tempos;
- Também não tenho estrutura psicológica pra enfrentar furacão, para fugir de furacão. Porque tem o terror pré furacão que talvez seja pior do que o próprio furacão (ao menos em Orlando) . Passei um perrengue esse ano e contei nesse post aqui.
Acho que é isso.. com certeza vou lembrar de mais coisas depois. Mas não quer dizer que não tenha tido pontos positivos, tiveram muitos e foi um bom aprendizado, posso até fazer um post focado nisso. Como falei no início, os motivos são pessoais, e cada um se adapta, ou não, de maneira diferente. Eu digo que me adaptei por um prazo determinado, que o prazo expirou e o tempo a mais que fiquei foi bem difícil.
Veja também outros posts da categoria Morando na Flórida para saber como foi esse período
Como viver legalmente e montar sua franquia nos Estados Unidos
Tem sempre alguém que, por causa da série Morando na Flórida, me pergunta como faz para morar nos Estados Unidos e legalmente. Eu explico o caminho que fiz, que foi com o visto L1 e vinculado a uma empresa que já existia no Brasil e foi levada para lá. Mas existem várias maneiras de morar legalmente nos EUA, e acabei recebendo esse release no meu email e achei bacana compartilhar.

A abertura de uma franquia nos Estados Unidos tem sido o caminho mais rápido e seguro para brasileiros dispostos a migrar legalmente para o país e iniciar uma nova atividade com segurança e estabilidade. E os interessados em abraçar esta oportunidade poderão participar de palestras gratuitas agendadas para os dias 18 e 26 de julho, respectivamente em Miami e Orlando – considerados os principais destinos para este perfil de investimento.
Os seminários serão ministrados por Jon Aboitiz, da Globofran, consultoria especializada em pesquisa de negócios e identificação de oportunidades no mercado de franquias norte-americano. O executivo abordará a obtenção de vistos de permanência para empreendedores estrangeiros. Além disso, consultores da empresa estarão à disposição, para oferecer atendimentos individuais, esclarecer dúvidas e dar dicas importantes para quem está pensando em se fixar legalmente no país.
Em meio à insegurança provocada por períodos de crises, os Estados Unidos tornam-se uma opção na busca por estabilidade econômica e pessoal. O consulado do Brasil em Miami estima que 350 mil brasileiros residem legalmente no estado da Flórida, dos quais 100 mil chegaram a partir de 2014. O número total de brasileiros que vivem e trabalham no país já chega a 1,3 milhão.
Todo o processo é acompanhado por consultores experientes e especializados, desde a escolha do negócio adequado ao perfil do investidor até o aconselhamento para a implantação da empresa, passando pela documentação necessária para o estabelecimento do empreendedor e sua família.
Para participar, é obrigatório fazer inscrição:
Evento em Miami
Data: 18 de julho de 2016 (segunda-feira)
Horários: 10 às 12h e 18h30 às 20h30
Local: EB Hotel Miami Airport - 4299 NW 36th St, Miami, FL 33166
Evento em Orlando
Data: 26 de julho de 2016 (terça-feira)
Horários: 10 às 12h e 18h30 às 20h30
Local: International Palms Resort - 6515 International Dr. Orlando, FL 32819
INSCRIÇÕES:
Sobre a Globofran
A Globofran é uma empresa de consultoria especializada no processo de pesquisa de negócios e na identificação de oportunidades de investimento em franquias nos Estados Unidos. Além disso, também complementa seus serviços com uma plataforma de assistência integral para processos migratórios. Destaca-se pelo amplo conhecimento do mercado norte-americano de franquias e conta com informação atualizada e de interesse para seus clientes. É formada por um grupo de jovens empreendedores com grande experiência na fundação e desenvolvimento de negócios na América Latina e Estados Unidos. Conta com uma ampla gama de profissionais e parceiros, que inclui consultores de negócios, advogados especialistas em imigração e franquias, contadores, psicólogos e consultores educacionais.
Para mais informações, acesse www.globofran.com e acompanhe nas redes sociais:
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Morando na Flórida: a parte mais difícil
Sempre falo que não é fácil morar fora do Brasil, embora essa seja hoje a vontade de muitos brasileiros. Pode ser cultura, comida, saudade, enfim... as dificuldades estão sempre aparecendo, cada hora em um lugar. Podem parecer pequenas para uns e maiores para outros, porém elas existem sempre. Mas normalmente deixamos de lado, meio que escondido de nós mesmos, em prol da adaptação e da escolha que fizemos, no bom e velho "bola pra frente".
Mas se tem uma hora que morar fora pesa, dói e que não dá pra deixar de lado ou esconder de ninguém, é quando perdemos alguém querido no Brasil. E, em quase 2 anos morando fora, eu tive essa experiência dolorosa por duas vezes. A primeira foi com a minha avó, que já lutava contra o câncer há um bom tempo, e a segunda agora, com a perda repentina do meu primo, praticamente da minha idade e que cresceu comigo.
O que posso dizer é que além do luto, das emoções que envolvem esse tipo de perda, estando perto ou longe, existem sentimentos que só quem está longe sente. É o sentimento de impotência por não estar perto da família e dar força. É o sentimento de que se estivéssemos no Brasil teríamos tido mais momentos juntos com aquelas pessoas especiais que se foram. Ou mesmo ter tido a chance de dar mais abraços, de falar mais vezes o quanto elas eram importantes na nossa vida. É a sensação difícil de não ter por perto as pessoas que estão passando pela mesma dor que a gente, aquelas que a gente queria estar perto para consolar e ser consolado. A tristeza por não ter se despedido, seja em vida ou mesmo depois. É uma hora dolorosa que a gente passa se sentindo sozinho.
E não, não adianta Skype, Facetime, Whatsapp... Nenhum deles ameniza isso tudo que eu falei, até porque as pessoas que a gente quer estar perto, estão lá, envolvidas com a "vida real", lidando diretamente com tudo isso. E, ao contrário do que eu li outro dia, eu não pretendo e não vou me acostumar a sofrer, chorar, me despedir, consolar e ser consolada por uma tela de computador ou de um smartphone. Sei que tem gente que vive muito bem dessa forma, mas definitivamente não é o meu caso.
Morando na Flórida: respondendo algumas perguntas

Muitos leitores estão questionando como está a vida por aqui, afinal eu nunca mais publiquei nada sobre a série Morando na Flórida, e estou aqui pra dar uma atualizada no pessoal que está querendo saber.
Vou responder à algumas perguntas que me mandaram por email, comentário, pessoalmente e até no instagram.
- Você não ia voltar para o Brasil depois de um ano e meio?
Sim. Ia, mas acabei ficando aqui por mais tempo e isso não significa que quero ficar pra sempre, apenas adiei a volta. E não foi por causa da crise ou da Dilma, foi por motivos pessoais. - Orlando é melhor do que Miami?
Para morar com crianças, com certeza. Orlando é mais família do que Miami, além de ser uma cidade menor. Mesmo sem ter praia, mas isso é "fácil de resolver", Orlando fica a uma hora de Cocoa Beach. Orlando também tem outra ponto a favor: a região é relativamente nova, tudo se desenvolveu depois da Disney, portanto é difícil alguém ser realmente daqui, logo é uma cidade com muitos imigrantes e migrantes, americanos que vieram de outras regiões. Outra coisa que eu acho positiva é que aqui não tem tanto latino como Miami, digo mais, tem muito mais brasileiros, e depois do bullying que meninas sofreram das crianças latinas, eu acho isso muito bom. - Por que você não colocou as meninas em escola pública?
Bom, quem leu o post de mudança de Miami pra Orlando, sabe que eu saí de lá por causa dos problemas com a escola pública, resumidamente, bullying, método de ensino, fora o puxão de cabelo da professora na minha filha. Depois de passar por isso tudo e busquei uma escola com um método de ensino mais parecido com o que elas tinham no Brasil (construtivista). E, ela é particular sim. Conversando com outras mães, brasileiras, vi que não era a única que pensava desse jeito. - Está gostando a escola Montessoriana de Orlando?
Então... Não tenho dúvidas de que é melhor do que a escola pública de Miami. Além da escola ser pequena, professores e diretores saberem quem são as meninas e todos os alunos. Ainda discordo de algumas coisas do método de ensino e nem sei se é porque é montessoriana ou se é porque é EUA. O fato é que continuo sentindo falta da escola do Brasil. - Como foi o aprendizado de inglês das meninas?
Eu esperava que aprendessem mais rápido. Talvez porque são duas e conversavam muito em português entre elas, mas enfim.. o fato é que hoje estão até brincando em inglês. O vocabulário que é mais restrito do que de uma criança americana da idade delas. Agora que elas estão lendo com mais facilidade e espero que isso mude, embora um dos pontos negativos que eu vejo da escola é o fato de não incentivar a leitura como eu acho que deveria para que elas melhorassem o vocabulário. Lembrando que estamos aqui há 1 ano e 10 meses. - Como é o relacionamento das crianças americanas com as brasileiras?
Essa pergunta ninguém fez mas eu coloquei aqui por ser algo que me incomoda. Em agosto, conversando com outras mães, vi que era algo que incomodava todas as mães de crianças brasileiras e cheguei a marcar reunião com a diretora. O fato é que as crianças americanas não se aproximam com facilidade das crianças brasileiras, o que acaba fazendo com que os brasileiros se unam e formem grupinhos. Isso seria ok se todos ali não precisassem aprender ou melhorar o inglês.
Conversando com as professoras, elas não viram nada de anormal nessas relações, e meninas continuavam com a mesma reclamação de que os americanos não gostavam delas. O fato é que em geral os americanos são mais frios, inclusive as crianças, e demoram a se aproximar. Pode ser um "problema" cultural, mas mesmo sendo esse o motivo, gera uma insegurança nas crianças brasileiras, acostumadas a fazer amizade facilmente. - Custo de vida é mais alto do que no Brasil?
Aqui se paga pouco por alguns produtos e muito por outros. Se fosse dar uma resposta completa, teria que fazer um post só sobre isso.. até é uma idéia, quem sabe eu não faço depois? Mas vou dar alguns exemplos... comer bem aqui, em casa, com produtos de qualidade, orgânicos, é bem caro, mais caro do que no Brasil. Talvez por isso seja fácil engordar aqui, e por isso tantos obesos. Carne aqui é cara também, e mesmo assim não é tão boa.. tanto que compro carne no mercado brasileiro onde acho algo mais parecido com o que existe no Brasil. Mas esqueça o Filé Mignon, esse você não acha.
Serviço aqui é caríssimo. Vou dar dois exemplos: um cara pra limpar um mini quintal gramado, cobrou $150. Algo feito em cerca de 1 hora e meia. Fazer mão e depilação (sobrancelha e virilha), custa algo como $150. Fora as gorjetas. Uma faxineira por 3 horas custa algo como $150 a $200. E vai ser aquela limpeza "americana".
Mas se pensar em eletrônicos, maquiagens, brinquedos, roupas, o custo é bem menor do que no Brasil.
Uma casa aqui custa bem menos do que uma casa do mesmo tamanho no Rio, São Paulo ou outra cidade grande do Brasil. Mesmo com o dólar a quase R$4. E isso em uma região legal de Orlando, com bons condomínios. Já Miami é mais caro do que aqui, mas também mais em conta do que o Brasil. Lembrando apenas que as casas daqui são em sua maioria feitas em grande parte com madeira.
Resumo, você vai pagar mais barato por algumas coisas e mais caro por outras. - Como é a adaptação?
Depende. Pode ser rápida e pode não acontecer nunca. Claro que é mais fácil se adaptar na Flórida do que em Boston, afinal o frio de lá pode até deprimir. Em relação ao clima é bem fácil. Em relação à alimentação, eu já vejo mais dificuldades, pois por mais que se faça comida em casa, nossos hábitos alimentares são bem diferentes dos americanos. Eu confesso que enjoei de várias comidas por aqui, principalmente pelo tempero. Molho de tomate por exemplo, nem consigo sentir o cheiro. E fazer comida brasileira, mesmo com uma boa oferta de mercados, não é tão simples. Até hoje não consegui acertar o feijão.
Em relação à amizades, ocorre o mesmo problema que falei que acontece com as crianças. Não é fácil se aproximar dos americanos. Acaba que os brasileiros se juntam, como sempre.
Nem preciso dizer que se adaptar à segurança é muito fácil, o que faz a gente acreditar que não existe perigo de nada, e isso não é verdade.A nona pergunta seria sobre um assunto que merece um post exclusivo e em breve eu farei isso, podem cobrar. Se bobear faço um vídeo, pois o assunto é longoooooo. Enfim, prometo que o próximo post sobre a vida na Flórida vai ser sobre essa pergunta: Por que eu quero voltar para o Brasil?
Ah, e se alguém tiver mais perguntas pra fazer, pode deixar aqui nos comentários que eu edito o post com ela e as respostas.