Mar Morto - Israel
Ja relatei nesse post o quanto foi especial conhecer o Mar Morto em Israel. Até porque fazia parte da minha bucket list de viagens.. e todo viajante sabe como é bom dar 'check" em um dos itens :) Agora vou contar como foi toda a experiência, contar como é o lugar, dar dicas, e no fim eu faço uma reflexão sobre o futuro do Mar Morto.

Mar Morto e suas características únicas
Para começar vou contar, pra quem não sabe, que o nome do mar, que na verdade é um lago, é justamente porque nenhum organismo consegue viver ali devido à quantidade enorme de sal (10x maior do que a dos oceanos). Cerca de 340 gramas de sal por litro de água (apenas algumas bactérias são capazes de filtrar o sal e sobreviver por lá). Ao mesmo tempo, é essa salinidade alta que faz com que o lugar seja super procurado para tratamentos de saúde e de beleza, pois a composição de sais minerais existente no Mar Morto é única: são 21 sais, sendo que 12 deles só são encontrados ali. E isso não é historinha de hoje não.. Cleópatra foi uma que procurou o lugar para cuidar da saúde e de sua beleza.

E é por conta dessa alta densidade, fruto da quantidade de sais, que ninguém afunda no Mar Morto.. por isso todos fazem aquelas fotos divertidas com jornais e outros objetos.
Além dos sais, no fundo do Mar Morto há uma grande quantidade de lama negra, que também é muito usada para tratamentos medicinais e estéticos. Essa lama é muito rica em enxofre, que é um dos minerais que estimulam a renovação celular.
O Mar Morto é também o ponto mais baixo da Terra, tanto que brinquei que lá seria o "fundo do poço" e que o fundo do poço é LINDO e fica a cerca de 417m abaixo do nível do mar. Hoje ele é fronteira, separa Israel e Cisjordânia, da parte Ocidental, da Jordânia, na parte oriental.

Minha experiência
Passei apenas 24 horas no Mar Morto e confesso que fiquei com gostinho de quero mais. Chegamos de tarde na região, mas fomos primeiro à incrível região arqueológica de Massada e depois fazer um tour de jeep pelo Deserto da Judéia (conto sobre cada um separadamente em outros posts em breve) e só chegamos no hotel de noite (ficamos hospedados no Isrotel Dead Sea Hotel e também vou contar mais sobre ele em um outro post). Já estava escuro, não dando pra aproveitar muita coisa, a não ser o hotel mesmo que por sinal tem uma piscina feita com água do Mar Morto. Jantamos no hotel e fomos dormir, para poder acordar cedo e aproveitar a manhã no Mar Morto e o spa. Dei um azar de não me sentir bem e perdi a minha sessão de massagem com a famosa lama no spa do hotel, mas consegui me recuperar para flutuar nas águas super salgadas. Mesmo sendo novembro, ainda estava com temperatura agradável (algo como 25°C ) , e fiquei por ali cerca de 40, 50 minutos. Realmente a gente não afunda de jeito nenhum! A água, além de salgada e super transparente, é oleosa, com uma textura diferente, e é possível sentir na hora que a pele fica mais macia.
Na hora de sair da região rumo à Jerusalém, fizemos algumas paradas para admirar o visual do Mar Morto da estrada. Se dentro da água ele é surpreendente, de fora e do alto ele é lindíssimo. Fiquei com o dever de casa de voltar lá e curtir mais a região, ver de perto as formações de sal que ficam nas margens do Mar Morto e fazer o meu tratamento com a lama.

Compras e Produtos do Mar Morto
Conheci duas lojas da Avaha em Israel , uma em Tel Aviv e a outra no próprio Mar Morto. Na primeira visita a vendedora chegou a passar um pouco da água do Mar Morto na minha mão e confesso que cheguei a duvidar que aquela água oleosa era realmente a água de lá. Não comprei nada justamente porque sou dessas desconfiadas e queria ver para crer. Depois do mergulho nas águas do Mar Morto vi que não era mentira, que a vendedora realmente passou na minha mão aquela água, e que sim, ela pura é um pouco oleosa e consegue hidratar sozinha. Se sozinha já consegue fazer isso, imagina em cremes feitos por uma indústria específica? Eu fiquei apaixonada pelo creme de mão e estou, nesse momento, arrasada porque o meu acabou. Daí fiz uma breve pesquisa e descobri que ULTA, loja de cosméticos que eu indico no post de onde comprar produtos de beleza aqui nos Estados Unidos, vende vários produtos, assim como algumas Nordstrom e Lord & Taylor. Enfim, a idéia é repor o creme das mãos e descobrir mais produtinhos milagrosos feitos com a água e os sais do Mar Morto.

Dicas
- não afunde toda a cabeça no Mar Morto, se os olhos já são sensíveis à água dos oceanos, imagine uma água mais salgada ainda? Porém, não deixe de mergulhar seu cabelo nela.. ele fica super macio;
- eles não recomendam mais que uma hora de permanência na água, e se for hipertenso é melhor ficar pouquíssimo tempo. Mesmo ficando pouco tempo, o ideal é beber muita água durante o banho no Mar Morto;
- se não tiver indo de excursão, programe ficar mais uma noite na região do Mar Morto, tem muitos hotéis bacanas e a experiência é realmente maravilhosa.
O futuro do Mar Morto
Quem me conhece sabe o quanto eu questiono a ação do homem na natureza. E não poderia deixar de comentar aqui a minha preocupação com o futuro do Mar Morto. Até porque, apesar do pouco tempo lá, eu pude ver o quanto a influência do homem está matando um dos lugares mais bonitos que já visitei.
O Mar Morto está diminuindo e um dia pode desaparecer.. e de novo, não é um comentário sensacionalista... infelizmente. Isto porque, segundo especialistas e reportagens que andei lendo, devido à aridez do clima e a falta de chuvas e de água potável, os países da região captam as águas dos afluentes do Mar Morto, águas estas que iriam repor as águas evaporadas do grande lago salgado. Além da ação de indústrias químicas no próprio Mar Morto, que extraem grandes quantidades de água para explorar os minerais que lá se encontram.
Com isso, o Mar Morto tem baixado cerca de pouco mais de 1metro por ano. Em meio século, ele baixou 50 metros. Pude ver crateras enormes onde antes existiam águas do Mar Morto, e é muito triste.
No último ano, os governos de Israel, Jordânia e Palestina chegaram a um acordo para usar mais a água do Mar Vermelho, seja para a população ou para enviar ao Mar Morto. Alguns ambientalistas dizem que esse acordo não será suficiente para salvar o Mar Morto, servirá apenas para retardar isso, e outros dizem que essa transposição das águas pode abalar o ecossistema tão único do lugar, podendo até destruir as suas propriedades minerais. Muito preocupante e de novo, muito triste.

Informações
Distâncias:
- 2 horas de Tel Aviv;
- menos de 2 horas do aeroporto de Ben-Gurion;
- 1 hora de Jerusalém.
Clima:
Temperaturas médias de 20°C no inverno (Janeiro) e 39°C no verão (Julho) . Cerca de 330 dias de sol por ano.
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Sobre a viagem
Viajei a convite do Ministério de Turismo de Israel, e tivemos como Guia durante toda a viagem o Samuel, Guia Brasileiro em Israel, que virou um amigo, além de explicar tudo com detalhes e imparcialidade.
O que fazer e ver em Jerusalém - Israel

É impossível falar de Israel, principalmante de Jerusalém, sem falar de religião, na verdade religiões. E mesmo para o ateu mais "ortodoxo" o lugar é imperdível, pois não dá para negar sua importância histórica.
No centro de Jerusalém fica a chamada Cidade Velha, que é cercada por uma muralha e abriga quatro bairros: cristão, armênio, judeu e muçulmano. Por dentro das muralhas, a cidade velha se divide em territórios de três religiões.
Mas não é só a Cidade Velha que tem atrativos, e eu vou listar o que eu considero imperdível em Jerusalém, dentro e fora da Cidade.
Monte das Oliveiras

Não conseguiria nunca descrever a emoção de chegar em Jerusalém e ter como primeira experiência na cidade o lindo pôr do sol no Monte das Oliveiras, com direito a uma vista deslumbrante da cidade velha.
O lugar também é importante para os cristãos, pois é considerado o lugar favorito de Jesus para ensinar seus discípulos.
Jardim do Guetsêmani

O jardim fica aos pés do Monte das Oliveiras. Na época de Jesus o local teria sido um olival, onde existia uma prensa para a extração do azeite de oliva (gethsemane em grego). O lugar tem várias oliveiras e teria sido o lugar que Jesus foi logo após a última ceia e feito uma oração.
Igreja de Todas as Nações ou Igreja da Agonia

Construída no século 20 com contribuições de fiéis de todo o mundo, fica ao lado do Jardim do Guetsêmani. É nela que fica a rocha que Jesus teria feito as orações, após a última ceia, no dia da traição.
Museu de Israel e o Museu do Livro

O museu que é bem grande e tem vários prédios, é um dos maiores do mundo em arqueologia bíblica. Também tem obras de Picasso, Rodin e outros artistas. Um dos prédios que mais recebe visitas é o do Museu do Livro, pois nele se encontra os Manuscritos do Mar Morto. Outro ponto alto é a Maquete de Jerusalém, que mostra a cidade pouco antes da destruição do Templo. Mais informações no site do Museu.
Muro das Lamentações

É parte do segundo templo que foi destruído em 70DC. É o local mais sagrado do judaísmo, onde se acredita que o muro ocidental do templo jamais é destruído pois a presença divina está no oeste. Desde então o muro é o símbolo de amor e de devoção dos judeus à cidade santa, onde se encontram para rezar, fazer pedidos em orações através de bilhetes que eles colocam nas fendas dos muros. Estive no muro duas vezes durante a viagem, e a que mais me surpreendeu foi quando fui numa sexta-feira à noite, durante as comemorações do Shabbat.
Monte Sião (ou Zion)

No Monte Sião existem 2 lugares importantes para o cristianismo, a Abadia da Dormição, onde Maria teria passado sua última noite, e o Cenáculo, a Sala da Última Ceia. É lá também que fica a Tumba do Rei Davi, embora existam muitas teorias de que ele não foi enterrado ali.
Via Dolorosa / Via Crúcis

É o trajeto pelo qual Jesus carregou sua cruz em Jerusalém. São 14 estações em 600 metros de percurso. Cada estação representa, no cristianismo, um acontecimento, como as três quedas ou o momento que viu sua mãe, entre outros. Nove das 14 estações se encontram na Via Dolorosa. As últimas três estações ficam na Igreja do Santo Sepulcro.
Durante o trajeto é possível ver muitos fiéis, peregrinos, alguns até carregando cruzes para pagar promessas. Mesmo com tantos turistas, é impossível não se emocionar com toda aquela fé, com a importância do lugar, sua história.
Torre de Davi

Localizado no portão de Jafa, o museu é imperdível e uma das melhores maneiras de conhecer a história de Jerusalém. Do alto da torre é possível ter uma vista maravilhosa da cidade. Cada sala do museu foi reformada para mostrar cada período, juntando no acervo uma história de 4 mil anos. Também recomendo o show de luzes que conta a história de Jerusalém, o Night Spectacular, é realmente lindo. Mais informações no site.
Yad Vashem

Aberto em 2005, o Museu do Holocausto foi construído para documentar a história do povo judeu durante o holocausto. São nove salas que relatam as histórias das comunidades judaicas antes da Segunda Guerra Mundial passando subida dos nazistas ao poder, pela perseguição dos judeus, sua expulsão aos guetos, e terminando com o genocídio em massa. São muitas fotos, vídeos, relatos, que é impossível não sair de lá abalado. Mais informações no site do museu.
Conclusão
Jerusalém tem muita história, seja religiosa ou não. É um lugar para se ver com calma, para ficar atento aos detalhes, e pra isso é imprescindível ter um guia, que conheça bem o lugar.
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Voando com a El Al para Israel

© Raimond Spekking Wikimedia Commons
Confesso, deixei a coisa esfriar na minha cabeça, pois se fizesse o post logo ao chegar, ele sairia muito pesado. Como já contei no post 5 momentos marcantes da viagem para Israel, a viagem em si foi maravilhosa, sem nada realmente pra reclamar, pelo contrário, surpreendente. Mas não posso dizer isso do voo, na verdade, mais precisamente, do check in na ida, e de todo procedimento (ida e volta) da El Al (que significa "aos céus") , companhia aérea israelense.

Como diria o Jack, vamos por partes Já mencionei no outro post que a viagem para Israel foi um convite do escritório brasileiro do Ministério do Turismo de Israel , portanto, eu tinha emails com programação, meu nome, outros sites que estariam viajando comigo, embora a única que iria embarcar em Nova York era eu, por morar nos Estados Unidos. O resto sairia do Brasil, em um voo da Turkish Airlines, já que a EL Al não tem voo direto desde 2011 para o Brasil, fazendo conexão em Istambul. A única então queria iria em voo direto, NY-Tel Aviv, era eu, e de El Al.
A EL Al sabia da fam trip, tanto que me mandou um kit muito bacana com produtos deles, cerca de um mês antes da viagem. No kit, além dos mimos, vinha a passagem impressa, uma carta dando boas vindas, e um convite na carta, para usufruir, na ida e na volta, da sala VIP deles nos aeroportos. Achei bacana e pensei.. bom, parece que não vou me aborrecer na entrada de Israel, pois já tinha lido que não era algo muito tranquilo.

Chego no JFK em NYC com antecedência, afinal é voo internacional, e me dirijo ao check in ainda vazio. Uma menina me atende, pergunta se vou sozinha, e parece que aí começa o interrogatório, pois, de acordo com o que me disseram depois, eles devem ter achado estranho uma mulher viajando sozinha. Contei TUDO da viagem, até porque perguntaram, mostrei os emails do Ministério do Turismo de Israel, com programação. Quiseram saber por que eu fui convidada.. tipo de pergunta que eu não tenho a menor idéia de como responder, concorda? Expliquei que provavelmente por conta dos fãs no Facebook. Acreditam que o atendente me pediu pra mostrar a página do blog no celular???? Mostrei e tentei levar na esportiva, falando que já que ele abriu a página, poderia curtir e acompanhar a viagem.
Expliquei que só eu sairia de NYC, e que era porque morava nos EUA. Pronto, o interrogatório mudou de rumo: "Por que você mora nos Estados Unidos? Qual seu visto? Nome da empresa? "e por aí vai. Eles conseguiram fazer mais perguntas do que o Consulado dos EUA quando eu fui tirar o visto, e mais, fizeram MAIS perguntas do que a tão temida imigração americana, que depois desse episódio, virou algo super tranquilo na minha opinião.
Mostrei também a cartinha da própria El Al, e eles olharam desconfiados, como se fosse mentira. O meu passaporte passava de mão em mão, todos olhando com cara de que estavam vendo uma ameaça. Confesso que nunca me senti tão constrangida. Um cara que parecia ser gente boa, agilizou tudo, e finalmente me liberou, me avisando que eu deveria chegar cedo na hora de embarcar pra olharem as malas de mão. E me escoltou até a sala VIP, e confesso que relaxei lá, achando que teria acabado a tortura. Sabia de nada a inocente...
Cheguei cedo no embarque, achando que a fila pra mostrar o conteúdo das bolsas e malas de mão estaria enorme. E pra minha surpresa não existia essa fila, apenas a normal, para entrar no avião. Entrei nela, na maior inocência do mundo!!!! Eis que uma mulher grossa toda vida, me retira da fila e me leva pra um canto. Pega minha bolsa e minha mochila, entra numa sala fechada com os meus pertences, sem a minha presença, e mexe em TUDO. Nessa hora eu já estava pra lá de transtornada. Primeiro porque não era um procedimento normal de segurança, tipo, checar as malas de todos, era algo que estava acontecendo SÓ COMIGO. Segundo porque eles não podem pegar minhas bolsas e se trancarem em uma sala. Passaram uns 10 minutos e ela abre a porta, me convida pra entrar e me entrega. Aí quem revira TUDO sou eu, na frente dela, pois queria saber se estava tudo lá, afinal, se ela desconfia de mim, por que eu não poderia desconfiar dela?
Juro que a essa altura eu me questionava se precisava passar por essa humilhação e pelo péssimo tratamento. Cheguei a mandar uma mensagem para a pessoa do Ministério do Turismo que organizou a viagem, falando que só não havia desistido por causa dela, por profissionalismo, pois a vontade que eu tive era de virar as costas e sair dali. Mas fiquei, e já esperava o que vinha pela frente ao chegar em Israel, mas dessa vez me enganei.

O voo de ida foi tranquilo, comida mais ou menos, pedi massa a bolonhesa, e estava ok. As atendentes eram simpáticas, mas uma senhora absurdamente chata atrás de mim quase me enlouqueceu. Ela não admitia que eu reclinasse a poltrona, e ficava me chutando. Eu que já estava de péssimo humor, só olhava pra ela com cara de poucos amigos. De diferente, apenas o número grande de judeus ortodoxos, com seus trajes, fazendo as orações pela manhã.

Notei também, pelo desenho da rota do avião na telinha, que o avião chega a fazer uma viagem mais longa, já que não pode sobrevoar alguns países, por motivos óbvios de segurança.
Ao chegar no Aeroporto de Ben Gurion, em Tel Aviv, fiquei imaginando o perrengue que iria passar. Mas, pra minha surpresa, havia um funcionário do Ministério do Turismo de Israel, me esperando com uma placa com o meu nome, antes de chegar aos guichês de controle de passaporte. Ele me pegou e me encaminhou ao guichê de diplomatas, explicou o motivo da viagem (não sei como seria se ele não estivesse lá, mas pelo que li, eles sabem do perrengue pra entrar em um avião da El Al, e recebem os passageiros da companhia aérea de uma maneira mais tranquila). Tudo ok e me deram um print de entrada no país, com uma foto. Isso porque eles não carimbam mais os passaportes, já que muitos turistas reclamavam, pois isso impactava a visita a outros países que não aceitam pessoas que entraram em Israel.
Ao pegar a minha mala, a minha última e desagradável surpresa da ida: meu cadeado de estimação da Minnie, que guardo desde a primeira ida pra Disney das meninas, foi quebrado por eles, e óbvio, a minha mala despachada também foi revistada.
Ao conversar com outras pessoas sobre o perrengue, ouvi falar que o pior era sair de Israel, juro que fiquei tensa. Se pra entrar foi assim, imagina pra sair? Mas ainda bem que era só boato, ou então dei sorte. Na verdade sei que não foi sorte, o pessoal do Ministério do Turismo me deu uma espécie de carta pra sair do país, não dizia muito, mas era pra facilitar a saída. Sei que cheguei sozinha no aeroporto de Tel Aviv pra retornar à NYC, e entrei na fila, ENORME, pois o voo é o maior que sai da cidade. Na fila fui conversando com brasileiros que voltavam também. Claro que perguntei como foi na ida, e falaram que alguns foram revistados, mas nada como o que aconteceu comigo. Isso porque eles foram em excursões e saíram do Brasil, o que me fez ver uma luz no fim do túnel.
A recomendação expressa em todos os lugares era de que não podia trancar as malas, seja com cadeado ou com lacres. Aí fico pensando... a pessoa volta com presentes, não pode trancar a mala, chega no Brasil e nem golpe da cesárea os malandros dos aeroportos precisam fazer.. está tudo ali, de bandeja. Como a minha mala tem aquele cadeado que qualquer aeroporto tem a chave mestra, eu usei ele, e tranquei.
Enfim, ao chegar minha vez, entreguei o papel do Ministério, passei minhas malas no raio x, e segui para o embarque, sem perguntas, a não ser as de praxe como quem fez minha mala, se alguém mexeu e etc.
O voo de volta era diurno, o que já é algo bem chato. E pra piorar, o voo que era direto, simplesmente parou em Bruxelas por 2 horas, sem aviso de nada, sem explicações, o que fez ele atrasar 3 horas. E quando a gente pensa que não existe como ficar pior, eles passaram cerca de 6 horas do voo sem dar NADA de comida. Como se fosse um voo noturno, em que passam horas sem dar nada pois todos dormem, só que era um voo diurno, e até eu, que não sou de comer em avião, fiquei faminta, levantei e eles deixaram na cozinha alguns sanduíches de atum prontos, onde quem quisesse tinha que ir buscar (oi?). Peguei um, e quando fui pegar outro, tinha acabado. Depois das horas de jejum, eles deram um jantar, onde mais uma vez pedi massa, pra não arriscar, e estava ok de novo.
A chegada em NYC foi tranquila, como falei, me senti até feliz com o tratamento carinhoso dado pela imigração americana.
Conclusão:
Deu pra ver que minha experiência não foi nada boa. Já tinha lido sobre essa dificuldade em artigos como esse e esse . Portanto não é algo pontual, é algo corriqueiro.
Fiz esse comentário com o pessoal do Ministério do Turismo, pois se a idéia é chamar turistas, é preciso que isso mude. Óbvio que entendo que procedimentos de segurança são mais que necessários nesse caso, mas é preciso descobrir um meio termo entre uma abordagem de segurança e procedimentos invasivos.
De qualquer maneira, não acho que seja motivo para não visitar Israel, afinal, o país é lindo, além de ter uma riqueza histórica indiscutível. Como excursões são mais bem vistas pela imigração de lá, assim como pelas empresas aéreas, ainda acho que nesse caso, vale a pena investir nesse tipo de viagem, apenas para se aborrecer menos. Ou então usar outras companhias aéreas, como a Turkish, até porque, não ouvi relato nenhum negativo dos que voaram por ela e fizeram conexão em Istambul. E, pra quem pergunta se eu passaria por tudo isso de novo pra conhecer o país, sim, eu passaria, mesmo tendo detestado esse tratamento. A viagem foi tão bacana que eu só não esqueci do que aconteceu porque precisava registrar aqui no blog.
5 momentos marcantes da viagem para Israel
Cheguei a comentar nas redes sociais, no perfil pessoal, de que a viagem para Israel foi um marco, quebrou paradigmas, me ensinou muita coisa e não falo de história, apesar de também aprender muito mais detalhes, falo sobre o ser humano, sobre pessoas, sobre fé. É o tipo de viagem que faz a gente rever conceitos, eliminar preconceitos, abrir a mente no sentido de se abrir mesmo à todas as versões dos fatos, que faz a gente repensar tudo que julgamos, na verdade, faz repensar se vale julgar. E não vale. Enfim, o que posso dizer é que a viagem foi maravilhosa, principalmente por ter mexido comigo. E que apesar de tudo que falam, tudo que vemos pela TV, tudo que lemos nos jornais, só dá para saber como o país é, como tudo acontece de verdade, indo para lá, sem esquecer de se despir de tudo que você imagina que seja Israel. Resolvi começar a série de posts sobre a viagem com uma lista de 5 momentos marcantes, alguns eu já imaginava que seriam, outros me surpreenderam. (notem.. não é uma lista do que fazer e nem do que mais gostei. e sim de momentos marcantes que eu vivi durante a viagem... e antes que perguntem.. não, eu não vi nada demais em termos de violência, conflitos, ou algo parecido).
Via Dolorosa

Sou católica mas não muito praticante. Já participei de encontro de jovens, quando era adolescente, fiz encontro de casal, casei na Igreja e batizei minhas filhas. Em viagens eu costumo sempre visitar Igrejas, seja pela beleza, história, e sempre rezo, agradeço o momento, peço pelas minhas filhas, mas não sou de ir à missa todos os domingos. Já tive momentos marcantes, como ir no Santuário de Fátima em Portugal. Mas nada se compara à fazer a Via Dolorosa em Jerusalém. Pensei em toda minha família, na oportunidade de estar ali, onde muita gente gostaria de passar um dia, na importância do lugar para os cristãos, na importância do lugar na história, pois a Igreja tem sua importância histórica. Pensei no fato em si de Jesus carregar sua cruz, em direção à morte. E principalmente, senti (apesar de todo comércio em volta, e mais interessante, incluindo de judeus e árabes), uma vibração grande, em função da fé de todos os peregrinos que passavam no lugar.
Muro das Lamentações no Shabat

Um dos momentos que me surpreendeu foi visitar o Muro das Lamentações no começo da celebração do Shabat. O Shabat é o dia do descanso semanal para os judeus, que vai do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado. Para marcar o início desse dia sagrado, os judeus costumam ir à sinagoga e praticar as rezas que marcam essa passagem. E como o Muro das Lamentações é o lugar mais sagrado do judaísmo, ele se transforma em uma sinagoga a céu aberto, onde os judeus de Jerusalém se reúnem para rezar. Ao chegar no Muro, já de noite, e ver uma multidão rezando, cantando, celebrando com uma alegria que passou uma energia absurdamente forte. Eram crianças, homens, mulheres, e assim como na Via Dolorosa, uma grande demonstração de fé, coisa que eu cheguei à conclusão que só Jerusalém pode proporcionar.
Mergulhar no Mar Morto

Da série.. itens tickados da bucket list de viagens... Mesmo sendo clichê rs Depois de ir nos fervedouros do Jalapão, onde também não é possível afundar em função da densidade da água, só que no caso do Jalapão, por conta da quantidade de areia, imaginei que seria muito parecido no Mar Morto. E descobri que é bem diferente! A água do Mar Morto é mais densa por conta da quantidade de sal, o que faz não ter nenhuma vida marinha e portanto, ter esse nome. Mas fora o sal, a sensação que se tem é que a água é mais oleosa. E ao contrário do que li, é gostoso ficar boiando, só não pode ficar muito tempo sem beber água.
Yad Vashem

Depois de já ter visitado outros museus do Holocausto, a gente acha que será tudo muito parecido, chocante como sempre, mas acaba pensando que não será surpreendido. Mas fui. Talvez por termos tido uma visita guiada em português, onde a emoção do guia era passada em sua voz, mas também por estar ali, em um lugar onde os judeus se reergueram, e claro, principalmente por ver tantas imagens e objetos verídicos do que foi a maior vergonha/absurdo/crueldade da história recente.
Nazaré, a terra da infância de Jesus e de árabes muçulmanos

Passamos rapidamente por Nazaré, mas esse pouco tempo na cidade me fez ver um pouco do que é uma região que é importante para várias religiões ao mesmo tempo. Nazaré é a maior cidade árabe em Israel, onde quase 70% deles são muçulmanos. Mas também é o local onde Jesus passou sua infância, onde pela tradição católica, a Virgem Maria recebeu a notícia, por um anjo, que estava esperando o filho de Deus. E por esse motivo, é lá que fica a Basílica da Anunciação, e sua gruta seria o lugar onde Maria morou com José. Ao visitarmos a Basílica, onde haviam muitos fiéis cristãos, ouvíamos a todo momento, por auto-falantes, os muçulmanos chamando para a reza. Ao meio-dia, quando a Igreja tocou o sino, ouvimos novamente o som pelo auto-falante, mais alto ainda, numa disputa por quem fazia mais "barulho", numa nada silenciosa "guerra" religiosa. Na frente da Basílica, uma faixa de protesto em árabe, mostrando claramente que não desejam aquele templo de outra religião no espaço deles. Foi o único lugar que vi uma certa intolerância religiosa, e o que me surpreendeu é que não foi com os judeus, e sim com os católicos.
Claro que tiveram outros momentos marcantes... por isso aguardem os próximos posts sobre a viagem.
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Viajei a convite do Ministério de Turismo de Israel, e tivemos como Guia durante toda a viagem o Samuel, Guia Brasileiro em Israel, que virou um amigo, além de explicar tudo com detalhes e imparcialidade. Estavam também no grupo outros meios de comunicação online:o Márcio do Catraca Livre, a Monique do Melhores Destinos , o Guilherme do Adoro Viagem e o Marcel do UOL.