Pôr do sol aqui no condomínio onde moro
Pôr do sol aqui no condomínio onde moro

Muitos leitores estão questionando como está a vida por aqui, afinal eu nunca mais publiquei nada sobre a série Morando na Flórida, e estou aqui pra dar uma atualizada no pessoal que está querendo saber.

Vou responder à algumas perguntas que me mandaram por email, comentário, pessoalmente e até no instagram.

  1. Você não ia voltar para o Brasil depois de um ano e meio?
    Sim. Ia, mas acabei ficando aqui por mais tempo e isso não significa que quero ficar pra sempre, apenas adiei a volta. E não foi por causa da crise ou da Dilma, foi por motivos pessoais.
  2. Orlando é melhor do que Miami?
    Para morar com crianças, com certeza.  Orlando é mais família do que Miami, além de ser uma cidade menor. Mesmo sem ter praia, mas isso é “fácil de resolver”, Orlando fica a uma hora de Cocoa Beach. Orlando também tem outra ponto a favor: a região é relativamente nova, tudo se desenvolveu depois da Disney, portanto é difícil alguém ser realmente daqui, logo é uma cidade com muitos imigrantes e migrantes, americanos que vieram de outras regiões. Outra coisa que eu acho positiva é que aqui não tem tanto latino como Miami, digo mais, tem muito mais brasileiros, e depois do bullying que meninas sofreram das crianças latinas, eu acho isso muito bom.
  3. Por que você não colocou as meninas em escola pública?
    Bom, quem leu o post de mudança de Miami pra Orlando, sabe que eu saí de lá por causa dos problemas com a escola pública, resumidamente, bullying, método de ensino, fora o puxão de cabelo da professora na minha filha. Depois de passar por isso tudo e busquei uma escola com um método de ensino mais parecido com o que elas tinham no Brasil (construtivista). E, ela é particular sim. Conversando com outras mães, brasileiras, vi que não era a única que pensava desse jeito.
  4. Está gostando a escola Montessoriana de Orlando?
    Então… Não tenho dúvidas de que é melhor do que a escola pública de Miami. Além da escola ser pequena, professores e diretores saberem quem são as meninas e todos os alunos. Ainda discordo de algumas coisas do método de ensino e nem sei se é porque é montessoriana ou se é porque é EUA. O fato é que continuo sentindo falta da escola do Brasil.
  5. Como foi o aprendizado de inglês das meninas?
    Eu esperava que aprendessem mais rápido. Talvez porque são duas e conversavam muito em português entre elas, mas enfim.. o fato é que hoje estão até brincando em inglês. O vocabulário que é mais restrito do que de uma criança americana da idade delas. Agora que elas estão lendo com mais facilidade e espero que isso mude, embora um dos pontos negativos que eu vejo da escola é o fato de não incentivar a leitura como eu acho que deveria para que elas melhorassem o vocabulário. Lembrando que estamos aqui há 1 ano e 10 meses.
  6. Como é o relacionamento das crianças americanas com as brasileiras?
    Essa pergunta ninguém fez mas eu coloquei aqui por ser algo que me incomoda. Em agosto, conversando com outras mães, vi que era algo que incomodava todas as mães de crianças brasileiras e cheguei a marcar reunião com a diretora. O fato é que as crianças americanas não se aproximam com facilidade das crianças brasileiras, o que acaba fazendo com que os brasileiros se unam e formem grupinhos. Isso seria ok se todos ali não precisassem aprender ou melhorar o inglês.
    Conversando com as professoras, elas não viram nada de anormal nessas relações, e meninas continuavam com a mesma reclamação de que os americanos não gostavam delas. O fato é que em geral os americanos são mais frios, inclusive as crianças, e demoram a se aproximar. Pode ser um “problema” cultural, mas mesmo sendo esse o motivo, gera uma insegurança nas crianças brasileiras, acostumadas a fazer amizade facilmente.
  7. Custo de vida é mais alto do que no Brasil?
    Aqui se paga pouco por alguns produtos e muito por outros. Se fosse dar uma resposta completa, teria que fazer um post só sobre isso.. até é uma idéia, quem sabe eu não faço depois? Mas vou dar alguns exemplos…  comer bem aqui, em casa, com produtos de qualidade, orgânicos, é bem caro, mais caro do que no Brasil. Talvez por isso seja fácil engordar aqui, e por isso tantos obesos. Carne aqui é cara também, e mesmo assim não é tão boa.. tanto que compro carne no mercado brasileiro onde acho algo mais parecido com o que existe no Brasil. Mas esqueça o Filé Mignon, esse você não acha.
    Serviço aqui é caríssimo. Vou dar dois exemplos: um cara pra limpar um mini quintal gramado, cobrou $150. Algo feito em cerca de 1 hora e meia. Fazer mão e depilação (sobrancelha e virilha), custa algo como $150. Fora as gorjetas. Uma faxineira por 3 horas custa algo como $150 a $200. E vai ser aquela limpeza “americana”.
    Mas se pensar em eletrônicos, maquiagens, brinquedos, roupas, o custo é bem menor do que no Brasil.
    Uma casa aqui custa bem menos do que uma casa do mesmo tamanho no Rio, São Paulo ou outra cidade grande do Brasil. Mesmo com o dólar a quase R$4. E isso em uma região legal de Orlando, com bons condomínios. Já Miami é mais caro do que aqui, mas também mais em conta do que o Brasil. Lembrando apenas que as casas daqui são em sua maioria feitas em grande parte com madeira.
    Resumo, você vai pagar mais barato por algumas coisas e mais caro por outras.
  8. Como é a adaptação?
    Depende. Pode ser rápida e pode não acontecer nunca. Claro que é mais fácil se adaptar na Flórida do que em Boston, afinal o frio de lá pode até deprimir. Em relação ao clima é bem fácil. Em relação à alimentação, eu já vejo mais dificuldades, pois por mais que se faça comida em casa, nossos hábitos alimentares são bem diferentes dos americanos. Eu confesso que enjoei de várias comidas por aqui, principalmente pelo tempero. Molho de tomate por exemplo, nem consigo sentir o cheiro. E fazer comida brasileira, mesmo com uma boa oferta de mercados, não é tão simples. Até hoje não consegui acertar o feijão.
    Em relação à amizades, ocorre o mesmo problema que falei que acontece com as crianças. Não é fácil se aproximar dos americanos. Acaba que os brasileiros se juntam, como sempre.
    Nem preciso dizer que se adaptar à segurança é muito fácil, o que faz a gente acreditar que não existe perigo de nada, e isso não é verdade.

    A nona pergunta seria sobre um assunto que merece um post exclusivo e em breve eu farei isso, podem cobrar. Se bobear faço um vídeo, pois o assunto é longoooooo. Enfim, prometo que o próximo post sobre a vida na Flórida vai ser sobre essa pergunta: Por que eu quero voltar para o Brasil?

Ah, e se alguém tiver mais perguntas pra fazer, pode deixar aqui nos comentários que eu edito o post com ela e as respostas.