Sempre falo que não é fácil morar fora do Brasil, embora essa seja hoje a vontade de muitos brasileiros. Pode ser cultura, comida, saudade, enfim… as dificuldades estão sempre aparecendo, cada hora em um lugar. Podem parecer pequenas para uns e maiores para outros, porém elas existem sempre. Mas normalmente deixamos de lado, meio que escondido de nós mesmos, em prol da adaptação e da escolha que fizemos, no bom e velho “bola pra frente”.
Mas se tem uma hora que morar fora pesa, dói e que não dá pra deixar de lado ou esconder de ninguém, é quando perdemos alguém querido no Brasil. E, em quase 2 anos morando fora, eu tive essa experiência dolorosa por duas vezes. A primeira foi com a minha avó, que já lutava contra o câncer há um bom tempo, e a segunda agora, com a perda repentina do meu primo, praticamente da minha idade e que cresceu comigo.
O que posso dizer é que além do luto, das emoções que envolvem esse tipo de perda, estando perto ou longe, existem sentimentos que só quem está longe sente. É o sentimento de impotência por não estar perto da família e dar força. É o sentimento de que se estivéssemos no Brasil teríamos tido mais momentos juntos com aquelas pessoas especiais que se foram. Ou mesmo ter tido a chance de dar mais abraços, de falar mais vezes o quanto elas eram importantes na nossa vida. É a sensação difícil de não ter por perto as pessoas que estão passando pela mesma dor que a gente, aquelas que a gente queria estar perto para consolar e ser consolado. A tristeza por não ter se despedido, seja em vida ou mesmo depois. É uma hora dolorosa que a gente passa se sentindo sozinho.
E não, não adianta Skype, Facetime, Whatsapp… Nenhum deles ameniza isso tudo que eu falei, até porque as pessoas que a gente quer estar perto, estão lá, envolvidas com a “vida real”, lidando diretamente com tudo isso. E, ao contrário do que eu li outro dia, eu não pretendo e não vou me acostumar a sofrer, chorar, me despedir, consolar e ser consolada por uma tela de computador ou de um smartphone. Sei que tem gente que vive muito bem dessa forma, mas definitivamente não é o meu caso.