Avião da EL Al  © Raimond Spekking   Wikimedia Commons
Avião da EL Al
© Raimond Spekking  Wikimedia Commons

Confesso, deixei a coisa esfriar na minha cabeça, pois se fizesse o post logo ao chegar, ele sairia muito pesado. Como já contei no post 5 momentos marcantes da viagem para Israel, a viagem em si foi maravilhosa, sem nada realmente pra reclamar, pelo contrário, surpreendente. Mas não posso dizer isso do voo, na verdade, mais precisamente, do check in  na ida, e de todo procedimento (ida e volta) da El Al (que significa “aos céus”) , companhia aérea israelense.

kit pré viagem
kit pré viagem

Como diria o Jack, vamos por partes Já mencionei no outro post que a viagem para Israel foi um convite do escritório brasileiro do Ministério do Turismo de Israel , portanto, eu tinha emails com programação, meu nome, outros sites que estariam viajando comigo, embora a única que iria embarcar em Nova York era eu, por morar nos Estados Unidos. O resto sairia do Brasil, em um voo da Turkish Airlines, já que a EL Al não tem voo direto desde 2011 para o Brasil,  fazendo conexão em Istambul. A única então queria iria em voo direto, NY-Tel Aviv, era eu, e de El Al. 

A EL Al sabia da fam trip, tanto que me mandou um kit muito bacana com produtos deles, cerca de um mês antes da viagem. No kit, além dos mimos, vinha a passagem impressa, uma carta dando boas vindas, e um convite na carta, para usufruir, na ida e na volta, da sala VIP deles nos aeroportos. Achei bacana e pensei.. bom, parece que não vou me aborrecer na entrada de Israel, pois já tinha lido que não era algo muito tranquilo.

na sala vip em NYC
na sala vip em NYC

Chego no JFK em NYC com antecedência, afinal é voo internacional, e me dirijo ao check in ainda vazio. Uma menina me atende, pergunta se vou sozinha, e parece que aí começa o interrogatório, pois, de acordo com o que me disseram depois, eles devem ter achado estranho uma mulher viajando sozinha. Contei TUDO da viagem, até porque perguntaram, mostrei os emails do Ministério do Turismo de Israel, com programação. Quiseram saber por que eu fui convidada.. tipo de pergunta que eu não tenho a menor idéia de como responder, concorda? Expliquei que provavelmente por conta dos fãs no Facebook. Acreditam que o atendente me pediu pra mostrar a página do blog no celular???? Mostrei e tentei levar na esportiva, falando que já que ele abriu a página, poderia curtir e acompanhar a viagem.

Expliquei que só eu sairia de NYC, e que era porque morava nos EUA. Pronto, o interrogatório mudou de rumo: “Por que você mora nos Estados Unidos? Qual seu visto?  Nome da empresa? “e por aí vai. Eles conseguiram fazer mais perguntas do que o Consulado dos EUA quando eu fui tirar o visto, e mais, fizeram MAIS perguntas do que a tão temida imigração americana, que depois desse episódio, virou algo super tranquilo na minha opinião.

Mostrei também a cartinha da própria El Al, e eles olharam desconfiados, como se fosse mentira. O meu passaporte passava de mão em mão, todos olhando com cara de que estavam vendo uma ameaça. Confesso que nunca me senti tão constrangida. Um cara que parecia ser gente boa, agilizou tudo, e finalmente me liberou, me avisando que eu deveria chegar cedo na hora de embarcar pra olharem as malas de mão. E me escoltou até a sala VIP, e confesso que relaxei lá, achando que teria acabado a tortura. Sabia de nada a inocente…

Cheguei cedo no embarque, achando que a fila pra mostrar o conteúdo das bolsas e malas de mão estaria enorme. E pra minha surpresa não existia essa fila, apenas a normal, para entrar no avião. Entrei nela, na maior inocência do mundo!!!! Eis que uma mulher grossa toda vida, me retira da fila e me leva pra um canto. Pega minha bolsa e minha mochila, entra numa sala fechada com os meus pertences, sem a minha presença, e mexe em TUDO. Nessa hora eu já estava pra lá de transtornada. Primeiro porque não era um procedimento normal de segurança, tipo, checar as malas de todos, era algo que estava acontecendo SÓ COMIGO. Segundo porque eles não podem pegar minhas bolsas e se trancarem em uma sala. Passaram uns 10 minutos e ela abre a porta, me convida pra entrar e me entrega. Aí quem revira TUDO sou eu, na frente dela, pois queria saber se estava tudo lá, afinal, se ela desconfia de mim, por que eu não poderia desconfiar dela?

Juro que a essa altura eu me questionava se precisava passar por essa humilhação e pelo péssimo tratamento. Cheguei a mandar uma mensagem para a pessoa do Ministério do Turismo que organizou a viagem, falando que só não havia desistido por causa dela, por profissionalismo, pois a vontade que eu tive era de virar as costas e sair dali. Mas fiquei, e já esperava o que vinha pela frente ao chegar em Israel, mas dessa vez me enganei.

jantar de ida
jantar de ida

O voo de ida foi tranquilo, comida mais ou menos, pedi massa  a bolonhesa, e estava ok.  As atendentes eram simpáticas, mas uma senhora absurdamente chata atrás de mim quase me enlouqueceu. Ela não admitia que eu reclinasse a poltrona, e ficava me chutando. Eu que já estava de péssimo humor, só olhava pra ela com cara de poucos amigos. De diferente, apenas o número grande de judeus ortodoxos, com seus trajes,  fazendo as orações pela manhã.

massa do jantar de ida
massa do jantar de ida

Notei também, pelo desenho da rota do avião na telinha,  que o avião chega a fazer uma viagem mais longa, já que não pode sobrevoar  alguns países, por motivos óbvios de segurança.

Ao chegar no Aeroporto de Ben Gurion, em Tel Aviv, fiquei imaginando o perrengue que iria passar. Mas, pra minha surpresa,  havia um funcionário do Ministério do Turismo de Israel, me esperando com uma placa com o meu nome, antes de chegar aos guichês de controle de passaporte. Ele me pegou e me encaminhou ao guichê de diplomatas, explicou o motivo da viagem (não sei como seria se ele não estivesse lá, mas pelo que li, eles sabem do perrengue pra entrar em um avião da El Al, e recebem os passageiros da companhia aérea de uma maneira mais tranquila). Tudo ok e  me deram um print de entrada no país, com uma foto. Isso porque eles não carimbam mais os passaportes, já que muitos turistas reclamavam, pois isso impactava a visita a outros países que não aceitam pessoas que entraram em Israel.

Ao pegar a minha mala, a minha última e desagradável surpresa da ida: meu cadeado de estimação da Minnie, que guardo desde a primeira ida pra Disney das meninas, foi quebrado por eles, e óbvio, a minha mala despachada também foi revistada.

Ao conversar com outras pessoas sobre o perrengue, ouvi falar que o pior era sair de Israel, juro que fiquei tensa. Se pra entrar foi assim, imagina pra sair? Mas ainda bem que era só boato, ou então dei sorte. Na verdade sei que não foi sorte, o pessoal do Ministério do Turismo me deu uma espécie de carta pra sair do país, não dizia muito, mas era pra facilitar a saída.  Sei que cheguei sozinha no aeroporto de Tel Aviv pra retornar à NYC, e entrei na fila, ENORME, pois o voo é o maior que sai da cidade. Na fila fui conversando com brasileiros que voltavam também. Claro que perguntei como foi na ida, e falaram que alguns foram revistados, mas nada como o que aconteceu comigo. Isso porque eles foram em excursões e saíram do Brasil, o que me fez ver uma  luz no fim do túnel.

A recomendação expressa em todos os lugares era de que não podia trancar as malas, seja com cadeado ou com lacres. Aí fico pensando… a pessoa volta com presentes, não pode trancar a mala, chega no Brasil e nem golpe da cesárea os malandros dos aeroportos precisam fazer.. está tudo ali, de bandeja. Como a minha mala tem aquele cadeado que qualquer aeroporto tem a chave mestra, eu usei ele, e tranquei.

Enfim, ao chegar minha vez, entreguei o papel do Ministério, passei minhas malas no raio x, e segui para o embarque, sem perguntas, a não ser as de praxe como quem fez minha mala, se alguém mexeu e etc.

O voo de volta era diurno, o que já é algo bem chato. E pra piorar, o voo que era direto, simplesmente parou em Bruxelas por 2 horas, sem aviso de nada, sem explicações, o que fez ele atrasar 3 horas. E quando a gente pensa que não existe como ficar pior, eles passaram cerca de 6 horas do voo sem dar NADA de comida. Como se fosse um voo noturno, em que passam horas sem dar nada pois todos dormem, só que era um voo diurno, e até eu, que não sou de comer em avião, fiquei faminta, levantei e eles deixaram na cozinha alguns sanduíches de atum prontos, onde quem quisesse tinha que ir buscar (oi?). Peguei um, e quando fui pegar outro, tinha acabado. Depois das horas de jejum, eles deram um jantar, onde mais uma vez pedi massa, pra não arriscar, e estava ok de novo.

A chegada em NYC foi tranquila, como falei, me senti até feliz com o tratamento carinhoso dado pela imigração americana.

Conclusão:

Deu pra ver que minha experiência não foi nada boa. Já tinha lido sobre essa dificuldade em artigos como esse  e essePortanto não é algo pontual, é algo corriqueiro. 

Fiz esse comentário com o pessoal do Ministério do Turismo, pois se a idéia é chamar turistas, é preciso que isso mude. Óbvio que entendo que procedimentos de segurança são mais que necessários nesse caso, mas é preciso descobrir um meio termo entre uma abordagem de segurança e procedimentos invasivos.

De qualquer maneira, não acho que seja motivo para não visitar Israel, afinal, o país é lindo, além de ter uma riqueza histórica indiscutível. Como excursões são mais bem vistas pela imigração de lá, assim como pelas empresas aéreas, ainda acho que nesse caso, vale a pena investir nesse tipo de viagem, apenas para se aborrecer menos. Ou então usar outras companhias aéreas, como a Turkish, até porque, não ouvi relato nenhum negativo dos que voaram por ela e fizeram conexão em Istambul. E, pra quem pergunta se eu passaria por tudo isso de novo pra conhecer o país, sim, eu passaria, mesmo tendo detestado esse tratamento. A viagem foi tão bacana que eu só não esqueci do que aconteceu porque precisava registrar aqui no blog.