Eu tenho uma super amiga, minha melhor amiga hoje sem dúvidas, que estava em um dilema: o marido já tinha ido para Caxias do Sul a trabalho e ela tem a Luna, uma doguinha já idosa que não aguentaria uma viagem em bagageiro de avião e ela não dirige. Decidi que levaria elas de carro até lá e foi aí que começou uma super aventura.

Luna, o motivo da viagem (essa fofura mereceu)

Eu amo dirigir, nos anos que morei nos EUA eu pegava estrada para qualquer lugar, a qualquer hora. Ok, a única vez que dirigi por mais de 18 horas foi quando fugi do furacão Irma. Dessa vez seriam 1419km, a distância entre Rio de Janeiro e Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. E detalhe, a viagem teria que ser em um feriado porque não tinha férias na empresa, então peguei o feriado de 20 de novembro. Seria só a ida de carro, justamente porque não tinha tempo hábil para voltar dirigindo, seria absurdamente cansativo.

Carro automático que alugamos na Localiza

Alugamos um carro automático na Localiza, o que saiu caríssimo porque a taxa de entrega do carro em outra cidade encarece absurdamente, mas mesmo assim saiu mais barato do que 3 passagens mais a passagem da Luna, a doguinha que foi o motivo da aventura. Fomos eu, minha amiga, a filha dela e a Luna.

Passei dias elaborando onde iria descansar, refazendo rotas. Primeiro tinha pensado em ir direto para Curitiba e dormir lá, mas não iríamos sair de manhã, eu tinha que trabalhar até umas 3 horas da tarde e aí pegaríamos a estrada. Decidi dormir em Osasco, São Paulo, porque dali pegaria a SP 021 que desemboca na BR 116 e que vai direto até o Rio Grande do Sul. Como era feriado, pegamos trânsito na saída do Rio e na chegada em São Paulo, e como saímos atrasadas, chegamos no Ibis Osasco por volta das 22:00h. Mas paramos no caminho, em Aparecida, então posso dizer que foi bem tranquila a ida. A Rodovia Presidente Dutra no trecho RJ-SP está super bem sinalizada, com lugares para paradas, com asfalto bom, então não tivemos problemas.

no trecho São Paulo – Curitiba tem muitas opções de paradas
vários trechos estavam fechados por conta da chuva no Sul

Restavam 976 km, distância de Osasco até Caxias do Sul, cerca de 13:30h de viagem. E aí tomei a decisão de ir direto, sem parar pra dormir, apenas parar pra comer e banheiro. Saímos de Osasco às 6h da manhã e pegamos a estrada, tomamos café da manhã em um Graal na estrada e seguimos.  O trecho da BR 116 que liga São Paulo até Curitiba se chama Rodovia Régis Bittencourt, é um dos mais movimentados do país, com muitos caminhôes, muitas curvas, com serra e neblina e que recebe o apelido de Rodovia da Morte. Mas estava um calor de 40 graus, um dia lindo, tudo indo bem até que tudo parou em Registro, não era trânsito, era tudo completamente parado. Simplesmente um caminhão com carga de um produto inflamável virou e ficou na perpendicular bloqueando toda passagem, além do risco de explosão. Estávamos perto de Registro, ainda no começo da viagem, em São Paulo. Depois de uma hora parada vi uns carros fugindo por uma estrada de terra e seguimos, fizemos um contorno por fora da rodovia por uma hora e passamos o lugar do tombamento do caminhão.

Seguimos bem até Curitiba, e aí começou uma chuva torrencial, como diz uma amiga curitibana, Chuvitiba sendo Chuvitiba. Tive que reduzir absurdamente a velocidade, mal dava para enxergar. E essa chuva estava vindo do Rio Grande do Sul e tinha feito um estrago por lá. E nisso a temperatura despencou… dos 40 graus em Registro aos 16 graus em Curitiba.

O trecho Curitiba – Caxias do Sul foi o mais difícil. Isso porque a BR 116 vira uma estrada menor após Curitiba, em grande parte ela fica uma estrada de mão dupla, tornando a viagem mais lenta e demandando mais atenção. A estrada é linda, mas tem muita serra, muitas curvas. Não é uma estrada com muitas opções de paradas, apenas alguns postos de gasolina com lojinhas, pouca sinalização, com asfalto não muito bom. E foi o trecho que pegamos na parte da noite. Como tinha esfriado muito, já no Rio Grande do Sul fez 12 graus na estrada, pegamos muita neblina na serra. Quase não se via o carro da frente, quando tinha, porque estava muito vazia a estrada, e a sinalização no asfalto, aquela amarela para guiar os motoristas, bem apagada. Para piorar, as tais chuvas torrencias derrubaram árvores, galhos, tornando a estrada mais perigosa ainda. Cheguei a pensar em dormir em Vacaria mas estaríamos a 2 horas de distância de Caxias, e foi bem cansativo esse trecho final. Acabamos chegando em Caxias quase meia-noite.

Dicas para ir de carro do Rio de Janeiro para Serra Gaúcha

Hoje em dia com Google Maps e Waze  é possível escolher os caminhos mais rápidos, lugares práticos para dormir e etc  Então não vou falar de caminhos porque isso é um tanto imprevisível, Sem dúvida a BR 116 é o caminho principal e como falei no relato da minha experiência, é uma estrada movimentada e perigosa. Dormir em Osasco em São Paulo foi uma escolha acertada nas minhas circustâncias, mas minha primeira dica é dormir em Curitiba saindo bem cedo do Rio, isso se der conta de pegar 850km direto. Como falei, é o trecho mais bem sinalizado e também com mais opções de paradas, e chegar em Curitiba ainda com o dia claro ou escurecendo. De Curitiba à Serra Gaúcha são mais 728 km (no caso coloquei Gramado no maps), que dá cerca de 10 horas de viagem. Se sair cedo também não pega o pior trecho, o final já na serra e que a neblina é muito comum, na parte da noite.

Durante todo o principal trecho tem muitos pedágios, o ideial é ter uma Tag de sua preferência, porque são cerca de 18 ao todo e ficar parando toda hora para pagar vai atrasar a viagem.

Como falei, no último trecho não tem muitas opções de paradas, então o ideal é fazer ou comprar um sanduíche para comer no caminho. Sair da estrada para procurar restaurantes também vai atrasar a viagem.